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Aos 82 anos, Dona Ana Gonçalves de Andrade Rosa é uma das mais antigas poteiras da região do Vale do Alto Ribeira, em torno da cidade de Apiaí. “Muitas já se foram, mas ficaram parentes que ainda fazem barro. Eu, bem dizer, desde criança estou nisso. Aqui, o barro que trabalho dá escondido no chão. Tem um que não gosta de sal, mas tem outro que agüenta bem sal de cozinha. Eu trabalhava direto na roça, mas a gente sempre fez as louças para usar em casa. Então, de uns tempos para cá, por causa da idade, estou só no barro.”
Dona Ana, assim como Laura Garcez (falecida em 1996), Custódia Pontes e Aparecida Leite (falecidas em 2001), representa uma tradição que tem suas raízes nas aldeias dos índios Itararé que ali existiam. “Eu vivo aqui no bairro de Gurutuba, município de Itaoca. Achei meu barro porque num dia chuvoso escorreguei no caminho e quando peguei no barro achei que dava para pote. E deu mesmo. Eu tiro, seco, pilo e preparo para fazer os potes. É um trabalho demorado porque a gente tem que ir levantando as paredes, e esperar secar um pouco para continuar.” |