ANA GOMES DOS SANTOS MARIA DA CONCEIÇÃO
GOMES FRANCISCO
DURVALINA GOMES
FRANCISCO
Se existe no Vale do Jequitinhonha uma região famosa pela sua cerâmica, essa região chama-se Campo Alegre. Ali, fora o trabalho na roça, as peças modeladas pelas mulheres enchem as prateleiras da Associação dos Artesãos de Campo Alegre. Os homens ajudam na retirada e preparação do barro. Alguns até arriscam no acabamento. Mas não tem homem modelando.
“Antes, a gente tinha muito pedido, muita saída. Agora está pouco. A gente tem um barracão, mas ficamos dependendo de pedidos. É difícil chegar aqui”, explica
Ana Gomes dos Santos, uma das mais antigas artesãs da comunidade.
“Nasci aqui mesmo. Lá por 1930 e daqui nunca saí. Lembro que minha madrasta fazia louça de barro e um dia ela foi visitar a família dela. Eu e minha irmã pegamos o barro dela e fizemos umas botijas. Acho que foi assim que começamos e não paramos mais. Sempre que o povo sabia que ia haver uma fornada, vinha até aqui para comprar o que precisava. Compravam para usar, não era para carregar para fora.”
Mais nova,
Maria da Conceição Gomes Francisco também nasceu em Campo Alegre, em 1967. “Minha avó e minha mãe sempre fizeram potes e moringas em forma de moça para colocar água. A gente aprendeu e com o tempo fomos inventando outras coisas. Eu gosto muito das gêmeas que faço, só para enfeitar. E até hoje, na feira de Capelinha, a gente vende potes e panelas. Tudo para uso, não é enfeite, não.”
Durvalina Gomes Francisco também lembra das feiras em Capelinha e Turmalina, para onde as coisas que a mãe e a avó faziam eram levadas para vender. “As bonecas existiam fazia tempo. Só que com mais pessoas fazendo, outros tipos começaram a aparecer. Nós éramos cinco irmãs trabalhando juntas no barro com a mãe. As bonecas gêmeas, a gente começou a fazer assim e na nossa casa todos os pratos e travessas eram de barro. Aqui em Campo Alegre é assim. A gente vive da roça e do barro. Quando tem muito trabalho na roça, ajudo meu marido. E quando tenho muito trabalho no barro, ele me ajuda. É uma vida dura. A nossa roça é só para a despesa. O barro é que garante a roça.”
Ampliar foto MOÇA
De Maria da Conceição
Gomes Francisco.
Barro, 35 cm de altura.
Coleção particular
Ampliar foto CIRANDA DE MULHERES
De Maria da Conceição
Gomes Francisco.
Barro, 35 cm de altura.
Coleção particular
Ampliar foto GÊMEAS
De Durvalina Gomes Francisco.
Barro, 35 cm de altura.
Coleção particular
Ampliar foto BONECA NOIVA
de Durvalina Gomes Francisco.
Barro, 40 cm de altura
 
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