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Seu nome artístico – Santos – foi sugestão do grande mestre Mário Schemberg. “Ele era uma pessoa doce, simples, e mesmo sendo um grande físico nuclear era amante das artes e grande crítico e erudito nesse campo”, relembra Alfredo Francisco dos Santos.
Nascido em Itabuna (BA), em 1934, não esquece o dia em que chegou a São Paulo. “Foi em 1952, no dia em que morreu o maior cantor que o Brasil já teve, Francisco Alves. Eu queria muito ser músico e arranhava um violão e uma harpa paraguaia. Mas estava malhando em ferro frio. Fui ficando frustrado, porque queria dizer com a música alguma coisa que estava dentro de mim e não conseguia.”
Foi o acaso que intercedeu a seu favor. “Um dia, na fazenda de um dentista amigo, chutei uma pedra e ele disse: ‘Você, que é tão habilidoso (eu era protético), não consegue fazer nada com isso?”
Algum tempo depois, de volta ao mesmo lugar, Santos lembrou ao amigo da pedra. Era pedra-sabão, que trouxe para casa com ele. “É a pedra de Aleijadinho. Mas foi só em 1971, no dia 1º de janeiro, que peguei a pedra, quebrei uma faca de cozinha, amolei e comecei a esculpir. Me realizei porque na hora senti que poderia dizer as coisas que estavam dentro de mim por meio da pedra.”
Todas as peças esculpidas por Santos têm nome e uma história.
O protético Alfredo já se aposentou. O escultor Santos está em plena atividade, escrevendo suas mensagens e sonhos nos caminhos e texturas que suas mãos vão abrindo na pedra. São caminhos majestosos e fortes. |