Aos 83 anos e recuperando-se de uma cirurgia, seu Ademar Zeferino de Melo reclama que não gosta de ficar parado. Sente falta do barro e da sua mesa de trabalho. Pede ao filho Sérgio, que também começou a modelar, que traga sem falta a matéria-prima que ganha vida em suas mãos. Nascido em São José, na Ponta de Baixo, ele lembra que desde criança fazia suas figuras e carrocinhas para brincar. Sua família era formada por oleiros e figureiros e por isso seu Ademar já trazia no sangue esse talento. “Quando estou deitado, a idéia vem e assim já sei o que vou fazer. Tudo o que acontece à minha volta eu vou fazendo. E a gente tem que ter muita paciência para tudo sair direito. Sabe, eu não tinha a foto dos meus pais. Então um dia modelei eles no barro, como me lembrava e agora eu tenho a recordação deles comigo.” Como não poderia deixar de ser, seus temas são locais. As galinhas, o pescador, as festas, como a do Divino e o Boi-de-Mamão, as mulheres açorianas e o que mais ele recordar. |