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Se perguntarem a Abel Teixeira se ele faz máscaras, ele vai negar. “Faço careta; no Boi sou Cazumba, que usa a careta.” Nascido em 1939, em Viana (MA), desde muito pequeno já brincava o Bumba-Meu-Boi. “As caretas, antes, eram só de pano e as mais antigas eram também de paneiro do palmito de babaçu (fibra que envolve o palmito, uma espécie de tecido grosseiro). A roupa (bata) era feita de pano velho, estopa ou de palha. Qualquer coisa servia, porque o mais importante para o Cazumba é brincar. Nós somos os verdadeiros artistas de nós mesmos.”
Abel já perdeu a conta de quantas caretas fez até hoje. “Por conta delas, me levaram até para a Europa. Mas o Cazumba é daqui mesmo. As caretas de pau começaram porque lá onde nasci, a gente fazia porque achava bonito. A gente ouvia falar de Bois de outros sotaques, que tinham bicho, tinham onça. Eu fiz uma de madeira, com boca de cachorro. Meu amigo viu e no ano seguinte fez uma igual, para a gente competir e brincar melhor. Primeiro a gente fazia só a boca de madeira. Depois, passamos a fazer toda a careta. Mas brinco com a de pano. Hoje, aqui na cidade, sinto saudade do ritual que a gente fazia antes. Hoje, os Bois são chamados para brincar em vários lugares num dia, e aí fica muito cansativo.” |